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Regras da CVM sobre divulgação de informações ainda exigem aprendizado

Boa parte das companhias, 43%, só começou a se preparar para a adoção das regras após a edição das mesmas, em dezembro do ano passado.

As empresas ainda têm um longo caminho a percorrer para o ideal cumprimento das novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre a divulgação de informações ao mercado. A constatação resulta de pesquisa realizada pela Ernst & Young, em parceria com o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri) e a Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), sobre a percepção das empresas em relação às normas.

 
Segundo o estudo, 23% das companhias ainda não avaliaram o impacto das novas exigências em todas as áreas da organização. As normas estão em duas importantes instruções da CVM, as de número 480 e 481, que tratam, respectivamente, da elaboração do Formulário de Referência, principal documento de informação ao mercado, e da divulgação de dados e procuração de voto para as assembleias de acionistas.
 
Boa parte das companhias, 43%, só começou a se preparar para a adoção das regras após a edição das mesmas, em dezembro do ano passado. Ou seja, durante toda a fase de audiência pública e discussão das medidas não olharam para o assunto. Apenas 7% estão se preparando há pelo menos um ano.
 
Além disso, metade das empresas afirma que falta clareza e ainda existem dúvidas sobre as mudanças. "É que ainda estamos no processo de aprendizado, necessário em toda grande mudança", avalia Maria Helena Pettersson, sócia de auditoria da Ernst & Young.
 
O questionário do estudo foi enviado a todas as empresas registradas na CVM em maio e junho, sendo que 56 responderam. A pesquisa será divulgada hoje no 12º Encontro Nacional de Relações com Investidores, em São Paulo.
 
No geral, a maior dificuldade está em preparar as equipes para obter as informações internamente e preencher o Formulário de Referência. Os dados exigidos são bem variados e vão de informações sobre a gestão da empresa a números estratégicos, de análise de risco e de negócios. Para Maria Helena, ficou claro que as companhias ainda precisam criar processos estruturados para coletar os dados.
 
Mas ela acredita que o caminho está correto. "O ideal é ter um grupo multidisciplinar, com representantes de todas as áreas da companhia, para obter e divulgar os dados", diz. Conforme a pesquisa, 45% das companhias formaram grupos amplos para o trabalho.
 
Por conta dessas necessidades, a maioria das empresas (68%) acredita que as regras provocarão aumento de custos. Como era de se esperar, muitas (43%) reclamam do prazo dado pela CVM para a implementação das normas, e a seção do Formulário de Referência considerada de mais difícil preenchimento é a da remuneração dos administradores, seguida pela de projeções corporativas e pela parte dos comentários dos diretores.
 
Apesar das dificuldades, as empresas reconhecem que as exigências serão úteis aos investidores e ajudarão a aproximar o mercado do patamar internacional. Na avaliação de 87%, a adoção das regras deve provocar mudanças na forma como a organização é avaliada pelo mercado local e estrangeiro.

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